domingo, 6 de dezembro de 2015

Hiato

.me encontraste antes, partindo-se. te encontrei enfim, partido. colidimos, na verdade. porém, a força da repulsão nunca existiu, ou venceu. seguimos em mosaico, mesma matéria dinâmica, cada vez mais um a substância do outro. um espelho de gestos e olhares, um comum que suplanta o comum, um individual que suplanta a individualidade. a energia desprendida deste encontro prismou-se em cores diferentes. minha luz amarela.  sua luz lilás. sou. somos. imanentes. somos transcendentes. por isso, neste momento em que o hiato se impõe, não necessariamente penso em partida. somos uma unicidade. a fratura apenas permite que jorre mais de nós. o estar um no outro não pode repartir-se sem multiplicar-se. por isso, não diremos aquelas palavras. a luz nunca se despede. ela continua. e continua. e continua. é o preço que se paga quando o universo nos oferece um presente como este encontro. o preço é ser este universo. na permanente dúvida se ele está em expansão ou contração. satisfaz-me ambos. se jamais nos encontrar-mos em outro ponto, arrastaremos o nós por todo o percurso. se voltarmos ao ponto de colidirmos novamente, seremos nós em dobro. porém, sempre contínuos. brilhantes. felizes por esta existência compartilhada e única.

2 comentários: