~febre~
das palavras que me adoecem como a febre e que depois de queimar-me, abandonam-me, restando apenas a cura.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
Gótica praiera
quando o mar é tempo longe, difícil de alcançar na distância e apagado nas horas, o espaço comprime e ele brota, mareado nos meus olhos.
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
Breve crônica de desesperos acumulados
.a humanidade. esta frágil concepção que denota o que? abrangente de tantos homens e de nenhuns. esta minha humanidade individualizada por exemplo, tantas vezes tomada de mim ou negada em mesma medida pelo meu eu. sou bicho. sou bicho quando atravessam a rua conclamando a segurança. quando cadelizam-me nos olhos desrespeitosos de desejo. desejo de nojo. no supermercado quando me oferecem a chave para guardar a mochila. só a mim. na praça quando o lazer do ócio é suplantado pelos olhares inquisidores. sou bicho sem lugar. mesmo em casa, quando negam-me chamá-lo de lar, quanto desconfortam-me a ponto de eu não mais pensar, eu sou bicho. sou bicho que come quando me olham comer. julgam-me à mim e ao prato. sou bicho quando me agarro ao sobretrabalho por um patamar inalcançável. quando me desrespeito no amor. quando esgarço meu corpo até a inercia. a todo momento tenho que defender essa mínima humanidade. tenho que lutar. lutar feito bicho.
quarta-feira, 24 de agosto de 2016
Das mitologias
.vieste, assim como a brisa leve precede a tempestade. guiado pelo cheiro dela. tempestade. juntos movimentaram céus. sublevaram mares. ao fim, acalmaram-se. deitados em sonhos de garoa fina.
quinta-feira, 7 de julho de 2016
Poderia ser música sertaneja, mas não é:
.o orgasmo não é um
cavalo desenfreado nas campinas do desejo. ele é o silêncio que te pega na
esquina de si mesmo. te revela nas palavras sem som e significado. e, te
arremessa na parede do eu quando a eletricidade cala e, o corpo grita sem
dicionários.
quarta-feira, 6 de julho de 2016
Do que colide, mas não funde;
.gente para fora.
procuro, procuro. dentro quase nada. universo de uma estrela só. há outra
gente. gente galáxia. não precisa de muitas palavras. gente que é dentro,
dentro. gente para fora é turbilhão. para fora. para dentro. não se fundem.
extremos. estremecem. essas gentes. conjunto vazio de existências
compartilhadas. xiiiiiu, não ouviu? outra
estrela nasceu dentro. felicidade de silêncios.
terça-feira, 15 de março de 2016
Das modernidades
eu tenho medo do bem. tenho medo da faca
da convicção. vejo-a retalhar ideias no ninho. aspirações em formação. ideais que
não se transmitem na linguagem formatada, na formalidade das falas bonitas, mas
mortas. cemitério de altíssimas verdades. um corte profundo, assertivo,
treinado na mediocridade do reproduzir. eu tenho medo do bem cristalizado. da negação
do mal estar que a análise atenta, constante e forçada provoca. eu tenho medo da
transubstanciação do bem em verdade e, da verdade em deus. da fé, que faz enxergar
ao outro como inimigo. sacrificamos nossos inimigos a deus. é assim faz tempo. mesmo
sem saber ao certo o que é o bem, ou, o que é deus. estranho olhar o outro sem se
ver. o outro é carapaça. sujeito a humilhação e chutes na costela. ele não é o
bem. ele não se justifica. e a verdade-fé se justapõe em um único tiro. eu
tenho medo do bem. eu tenho medo do bem. eu tenho medo do bem.
sábado, 12 de março de 2016
Dos fazeres
.eu faço poesia de quinas e de sobras. às vezes de falta também, mas só quando ela é fartura.
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