sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Daquilo que já não é, mas ainda é

veja. penso na utilidade da palavra ausência. sua definição ou não. a ausência transborda. ela não é o vazio. é um conjunto de vazios interseccionados no qual cada borda, fronteira, conta a história do que um dia foi. esteve. não está mais e, afinou-se nessas linhas limites. a ausência é repleta, mas suprimida. é qual uma uma lâmina na potência de seu fio afiado. a ausência é um devir e um passado indissociados. uma eterna espera de um ponteiro já realizado. uma ânsia de uma batida na porta, para depois ser mais ausência, maiormente repleta. a ausência é um desses deuses desvirtuados que vive por seu próprio fundamento. todos contam e cantam a sua estória, comovem-se ao seu invocar e, submergem em sua atmosfera sem conseguir, jamais, torná-la uma desconhecida.

3 comentários:

  1. Daquilo que a gente pensa que foi, mas não foi.

    É a ausência, Caetano, que entra pelos 7 buracos da minha cabeça.

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  2. Na ausência: de coisas, de pessoas e até mesmo de movimento, me preencho de mim mesmo. Aquilo que já foi um dia, e aquilo que ainda há de ser me transbordam; porque ainda em mim mesmo, tudo aquilo que me faz sentir ausência é aquilo que me compôs, faz parte de mim e que um dia, sem dúvida, irei reaver.

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  3. A ausência grita na frente dos olhos das pessoas que desejam não possuir desejos que ferem o próximo e a si mesmo. Ausência de coisas ruins é a presença da boa partida.

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