a páprica da língua,
os aromas da saliva,
amassar e levar ao ponto
depois,
comer de quatro.
das palavras que me adoecem como a febre e que depois de queimar-me, abandonam-me, restando apenas a cura.
sábado, 27 de dezembro de 2014
Gourmet II
em um universo de corantes
acidulantes,
conservantes,
a comida é de mentira.
mas esse amor,
ah,
é como o primeiro grão
da primeira erva
do primeiro deus.
acidulantes,
conservantes,
a comida é de mentira.
mas esse amor,
ah,
é como o primeiro grão
da primeira erva
do primeiro deus.
Gourmet I
ele me ama praticamente.
como quem separa em pequenas
tupperwares
que sabores combinam com o que.
ele me ama praticamente.
adiciona ao meu corpo
os temperos que quer,
e come esse banquete
fumegante
preparado por suas mãos.
como quem separa em pequenas
tupperwares
que sabores combinam com o que.
ele me ama praticamente.
adiciona ao meu corpo
os temperos que quer,
e come esse banquete
fumegante
preparado por suas mãos.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
Coitadismos;
não se desculpem! bem sabem que o alívio não é de quem a aceita. reconheçam o real alcance de suas mordidas. comprometam-se com seu centro. não há desculpas para a arrogância de quem não entende seus próprios limites.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
Pensamentos Dezembrianos II;
jovem ainda e o paladar já tão amargo. como se a velhice tivesse começado pela boca. comeu o mundo rápido demais. com a velocidade dos que tem medo de esfriar. a vida lhe é insuportavelmente doce. qual uma sobremesa não requerida.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
Pensamentos Dezembrianos;
dizem que o perigo para o suicida não está propriamente no intento a vida. mas depois. quando é decidido aceitá-la. naquele momento da ressaca e calmaria em que não há um vento sequer a arejar sua mente é que mora o verdadeiro horror. na felicidade morna. quando a vida intenta contra ele. semeando a morte abortada.
domingo, 2 de novembro de 2014
Questão urbana;
.é o olhar concreto destes velhos citadinos que me intriga. a quantos passos da morte nos sobrevêm a sobriedade?
sábado, 1 de novembro de 2014
Premonições marítimas;
.adentro amiúde em meu dia. não quero despertar os horrores que o sol ainda não aqueceu. não lá fora, onde ele já vai alto. mas aqui, na vaga dos meus pensamentos. uma dose de maresia salutar. antes das nuvens negras e mar bravo.
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Faz chover;
.debato-me em seus lábios secos. fraturados como solo de sertão. eles esperam minhas palavras como a chuva. e umedecem-se apenas do sangue de suas próprias rachaduras. sou nuvem seca pairando no céu azul de bronze. em prece. esperando que uma outra traga o refrigério em mim não alcançado.
terça-feira, 28 de outubro de 2014
Não entendo de asas;
.sou capitã de um navio, do qual a tripulação me enche. quando transbordo tudo se reduz a uma canoa. furada. é mar de solidão. trago uma âncora no braço e outra no peito. espero as águas cinzas cobrirem minha cabeça.
domingo, 1 de junho de 2014
Assassinato Silencioso;
essa briga com as palavras. sangro eu. deleto elas. e mesmo assim aniquiladas, vencem-me. com sua faca em minha garganta.
quinta-feira, 29 de maio de 2014
Escassez;
.somos condicionados pela falta. esta catapulta que nos lança até o próximo átimo de contentamento. viajamos em círculos pela ilha do medo. nunca plenos. rumo à morte.
terça-feira, 27 de maio de 2014
Camusticamente;
.contraponho meu gosto por mistérios. o que me enlouquece neste homem esta nú. mãos de beleza obscena. um pequeno gozo morto quando toca meus cadernos.
sábado, 24 de maio de 2014
Do que não se vê;
.seus olhos parecem ostras. tenho a impressão é que dentro delas. invólucro. é que estão os verdadeiros olhos.
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
Selva Acadêmica;
macaco-papagaio universitário,
se segura pelo rabo
pelo lado que dá.
papagueia o que é conveniente.
diploma-banana.
arranca penas.
uma pena.
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
Dos Jardins;
minha mãe exclama:
- olha só minha samambaia renda portuguesa!
e eu vejo no vasinho, apenas um toquinho
en
ter
ra
do.
esperança é isso.
nem brotou, mas já se tem certeza
da existência.
uma muda que fala.
- olha só minha samambaia renda portuguesa!
e eu vejo no vasinho, apenas um toquinho
en
ter
ra
do.
esperança é isso.
nem brotou, mas já se tem certeza
da existência.
uma muda que fala.
domingo, 26 de janeiro de 2014
sábado, 18 de janeiro de 2014
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
Outra Constatação;
a vontade é um tecido roto.
deve ser dobrada várias vezes para ter alguma consistência.
deve ser dobrada várias vezes para ter alguma consistência.
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